É possível impor limites ao seu filho sem ser autoritário?

        A medida que a criança vai se desenvolvendo, logo percebe-se sua necessidade de exploração, suas vontades se diversificam e vem aos pais/educadores a necessidade, inevitável, de dizer “não” em algumas ou várias situações.

        Em gerações passadas, vimos o modelo autoritário dos limites impostos que eram passados aos filhos. Muitas vezes, bastava um olhar carrancudo dos pais ou uma palavra, para o filho sair de fininho e obedecer à tal regra. Realmente funcionava bem!

        No entanto, com o passar dos anos, esse modelo ficou “ultrapassado” e os pais atuais já não conseguem mais se ver inseridos nesse contexto do autoritarismo. De fato, os tempos mudaram… hoje temos crianças muito mais estimuladas, autônomas e questionadoras e isso, sem dúvida nenhuma, foi uma evolução benéfica ao ser humano.

        Mas, então, como fazer para essas crianças tão espertas não serem mal-educadas, birrentas e mandonas?!

        Embora o autoritarismo deva ser substituído por outros modelos mais funcionais, a relação de hierarquia é imprescindível e precisa ser mantida. Não confundamo “mandonismo” com respeito.

        É fundamental que a vida da criança seja orientada, supervisionada e que tenha regras bem estabelecidas. Regras estarão presentes durante a vida toda e estão por toda parte, então, é necessário que a criança aprenda a lidar com elas de forma saudável. Considero, então, que o modelo mais funcional seja conscientizar a criança das determinações a serem obedecidas. Quando a criança compreende o porquê de determinada regra fica bem mais coerente, para ela, obedecê-la, pois se convence de que a consequência de não segui-la seria pior.

        Nesse mesmo sentido, a criança precisa sentir os efeitos, sejam eles bons ou ruins, de suas atitudes e escolhas. Por exemplo, se estiver fazendo birra para escovar os dentes, vale mostrar a ação dos germes e suas complicações e, na mesma proporção, com crianças mais crescidas que resistem às lições de casa por exemplo, vale lembrar sobre a importância e necessidade das mesmas para se evitar futuras recuperações ou consequências indesejadas.

        É claro que, nem sempre, a justificativa convence e interrompe os comportamentos inadequados, mas, feito isso, os pais já terão subsídios reais para “dar um basta” posto que já foram explicados os motivos.

        Importante também ressaltar que é bastante comum a criança ou o adolescente estabelecerem um embate em casa de medição de forças e poder, ou seja, o famoso “vamos ver até onde eles vão aguentar minha teimosia”. Nesses momentos, é fundamental que os pais permaneçam firmes em suas convicções, mantendo a posição de comandantes do navio. Isso não significa que não possam discutir sobre conceitos diversos, escutar, flexibilizar e até mudar de opinião se o filho conseguir lhes convencer de outras possibilidades desde que estas estejam, de fato, em conformidade com o que acreditam ser o melhor, e não por terem fraquejado diante da insistência ou até da agressividade da cria.

        Os limites integram a boa educação e estão dentro do pacote de amor que entregamos aos nossos filhos diariamente… É com essas referências que eles crescerão fortalecidos para enfrentar as frustrações inevitáveis que a vida traz e serão adultos sadios, equilibrados e felizes.

John & Steven